Texto enviado pelo Grupo Mulheres do Brasil Núcleo Vale do Silício
Como valorizar a ciência e a cientista brasileira estando nos Estados Unidos? Nós, do Núcleo Vale do Silício do Grupo Mulheres do Brasil, aceitamos o desafio de pensar em como contribuir para essa valorização de forma a impactar cientistas brasileiras imigrantes e criamos um projeto que, com o tempo e colaborações, viria a se concretizar no Prêmio ScientistA.
Nas palavras da líder do nosso Núcleo, Monica Kangussu-Marcolino, eis as razões pelas quais acreditamos no potencial desse projeto: “Primeiro, por focar na mulher como modelo de inspiração a fim de impulsionar a representatividade feminina na ciência. Segundo, por promover a aproximação da comunidade de cientistas brasileiras nos Estados Unidos e também no Brasil. É uma oportunidade para, mesmo de longe, continuarmos contribuindo com nosso país, diminuindo os efeitos da evasão de cérebros do Brasil”.
Foi em meados de 2020 que nosso plano começou a tomar forma. O Grupo Mulheres do Brasil Núcleo Nova Iorque apresentou o nosso grupo (na época já composto também por Liliana Moura Massis e Nárjara Veras Grossmann) a Márcia Fournier, fundadora e presidente da Dimensions Sciences, que assim identifica os valores do prêmio aos da sua ONG: “A Dimensions Sciences visa promover a inclusão na ciência de grupos étnicos, culturais, raciais, religiosos, e minorias de gênero, além de fornecer oportunidades que promovam a diversidade e o crescimento profissional. O prêmio ScientistA vai criar oportunidade de reconhecimento de cientistas brasileiras fazendo pesquisa nos Estados Unidos, fortalecendo o intercâmbio de informação e produção científica entre os países”.
Foi a partir de conversas entre nossos dois grupos que surgiu o interesse de criarmos a premiação e mostrarmos quantas mulheres fantásticas saíram do Brasil para dar continuidade às suas carreiras em ciência. Por volta de outubro de 2020, começamos a nos reunir com Fournier e com Mariana Sgarbi, também da Dimensions Sciences, para começarmos a desenhar o calendário da premiação e arrecadar fundos para que ela acontecesse.
Ainda em 2020, mais duas voluntárias do Grupo Mulheres do Brasil se uniram ao esforço, Eliza Alves-Ferreira, ela mesma uma cientista brasileira trabalhando nos Estados Unidos, e Tereza Krzesinski, que trabalha no Brasil com ciência de dados e automação. A partir dessa união de mulheres singulares e com um propósito em comum, a ideia se concretiza.
Em busca de parcerias, foi precioso o contato com a diplomata Luciana Mancini, do Ministério das Relações Exteriores, que se interessou pelo nosso objetivo de premiar mulheres, apontando que “esta é uma necessidade que não está sendo suprida por ninguém no momento”.
Mancini faz parte do Programa de Diplomacia da Inovação, que tem entre seus objetivos quebrar os estereótipos vinculados à imagem do Brasil no exterior e fazer essa ponte entre cientistas no Brasil e nos EUA, e nos colocou então em contato com o diplomata Lauro de Castro Beltrão Filho, conselheiro do setor econômico nas áreas de ciência, tecnologia e inovação da Embaixada do Brasil em Washington.
Alinhado a projetos de valores similares ligados à diáspora brasileira nos EUA, a Embaixada também entrou com o apoio institucional ao nosso prêmio. O projeto, então, ganhou corpo.
Definimos que premiaremos uma cientista brasileira trabalhando nos Estados Unidos, durante um evento virtual para a comunidade científica. Para a primeira edição, escolhemos focar nas áreas das Ciências Biológicas e da Saúde, e convidar renomadas cientistas brasileiras e autoridades das agências de ciência e tecnologia do Brasil.
O prêmio criará oportunidades de networking entre cientistas, estimulando novas parcerias e trocas de conhecimentos que são a base para trazer novas tecnologias, estratégias e inovações para a ciência.
Nas palavras de Alves-Ferreira, “projetos como o prêmio ScientistA podem ajudar a construir fortes conexões entre o Brasil e os Estados Unidos, melhorar a ciência brasileira e inspirar mulheres e meninas a se tornarem cientistas”.
Kirby Madden-Hanessey, da Dimension Sciences, afirma: “o Prêmio planta na próxima geração de cientistas a ideia de que ´se uma cientista é capaz de alcançar um prêmio, então eu também sou’! E isso é muito importante”.
Também achamos que essa esperança e esse foco são muito importantes para construirmos um futuro melhor, aberto para todas.
Nosso time é formado por mulheres que tiveram grande parte de sua formação acadêmica no Brasil e depois vieram para os EUA para continuar suas pesquisas. Sentimos na pele os desafios de ser mulher cientista imigrante e sabemos o quanto a sociedade tem a ganhar quando empoderamos mulheres e divulgamos modelos de representatividade em todos os tipos de carreira.
Movidas por um genuíno desejo de reconhecimento do seu valor, esperamos que a nossa iniciativa tenha impacto na vida e na carreira das cientistas brasileiras imigrantes. Não apenas na vida das que serão premiadas, mas também na de outras mulheres, que podem ser incentivadas a perseverar na ciência.
“Vivendo como uma imigrante, estando longe de meu país”, conta Veras Grossmann, “eu tinha um forte desejo de alcançar minha comunidade aqui e lá em casa. O Grupo Mulheres do Brasil permitiu isso. Este prêmio é um ótimo exemplo da força e dedicação de todas aquelas envolvidas no apoio e reconhecimento de mulheres imigrantes que prosperam na ciência”.
O Prêmio pretende contribuir para essa discussão sobre inclusão e diversidade na comunidade científica, principalmente em relação ao papel das pesquisadoras latinas imigrantes e à desestigmatização das imigrantes latino-americanas nos Estados Unidos.
Nosso objetivo em longo prazo é termos uma comunidade que seja capaz de apoiar, energizar e inspirar outras cientistas, além de estimular a inovação e as melhorias nos setores econômicos e sociais dos nossos dois países. Esta primeira edição do Prêmio ScientistA, é especialmente relevante neste contexto pandêmico em que nunca foi tão importante fortalecer a ciência, é o nosso primeiro passo.
As inscrições para o Prêmio ScientistA estão abertas de 1 a 12 março, e o evento de premiação ocorrerá dia 3 de abril.
Para mais informações, clique neste link.
ScientistA Award – Get to know the project´s history!
How to empower Brazilian female scientists and Brazilian science while living in the US? We, as volunteers at Grupo Mulheres do Brasil – Silicon Valley Chapter- took on this challenge. We brainstormed on how to positively impact immigrant Brazilian scientists and came up with the idea for a project that, with time and collaborations, would become the ScientistA Award.
In the words of our Chapter leader, Monica Kangussu-Marcolino, these are the reasons we believe in the potential of this project: “Firstly, because it focuses on women as an inspiration to promote female inclusion in science. Secondly, it brings the Brazilian science community in the US and in Brazil closer. It is an opportunity that, despite the distance, allows us to contribute to our country and reduces the negative effects of the current – brain drain.”
In mid-2020 our idea started to take form. The New York Chapter of the Núcleo Mulheres do Brasil introduced us (the science team at the time, Monica, Liliana Moura Massis and Nárjara Veras Grossmann) to Márcia Fournier, founder and president of Dimensions Sciences, whose values coincide with our objectives.
According to Marcia “Dimensions Sciences seeks to promote ethnic, racial, religious, gender and cultural inclusion of minorities in science, besides offering opportunities that promote diversity and professional growth. The ScientistA award will recognize Brazilian women scientists conducting research in the United States, strengthening the exchange of information and scientific production between countries”.
These initial conversations led us to formulate together an award focused on the many incredible women that left Brazil to continue their scientific career abroad. In 2020, during the month of October we began to design our calendar alongside Fournier and Mariana Sgarbi, also from Dimensions Sciences as well as raise funds for the award.
In that same year, two additional volunteers from Grupo Mulheres do Brasil joined our workforce. Eliza Alves-Ferreira, also a Brazilian scientist working abroad and Tereza Krzesinski, who works in Brazil with data science and automation. All of these unique and special women joined forces to work towards making this idea come to fruition.
Among our partners, Luciana Mancini, from the Brazilian Foreign Affairs Ministry, was central to the success of our project thus far. She was interested in the idea of awarding women noting that “this is a need that is not being met by anyone at this point in time”.
Mancini is part of the Innovation Diplomacy Program which has among its objectives: to break the negative stereotypes associated with Brazilians living abroad and to create a bridge between scientists in Brazil and the US. She introduced us to Lauro de Castro Beltrão Filho, a diplomat and counsellor of the economic sector in the science, technology and innovation field at the Brazilian Embassy in Washington. Currently aligned with ideas that value brazilian expats in the US, the Embassy offered institutional support to our project.
We were on a roll. We decided we wanted the award to take place as a virtual event for the scientific community. For this first edition, we are choosing to focus on professionals working in the fields of Life and Health Sciences and invite renowned brazilian women scientists and authorities from national science and technology agencies to participate.
This award will also create networking opportunities among scientists, encouraging new partnerships and knowledge exchange that is the basis for new technologies, strategies and innovation in science. Or, in the words of Eliza Alves-Ferreira, “projects like the ScientistA award can help to build stronger connections between Brazil and the US, improve brazilian science and inspire women and girls becoming scientists”.
Kirby Madden-Hanessey, from Dimensions Sciences, said something similar: “The ScientistA Award is important because it is giving a platform for minority women in science to get recognized for their breakthrough research. It gives the next generation of young women scientists the mentality that if she can do it, then so I can. And that is really important, goes back to the idea – seeing is believing”. We also believe that this hope and platform are very important to build a better and more open future for all of us.
We are all women that had most of our academic education in Brazil and later came to the US to continue our research. We personally know the challenges of being an immigrant woman scientist and we know how much society can benefit when women are empowered and more role models from diverse backgrounds and careers emerge.
Moved by a genuine desire to recognize their worth, we hope our initiative has a positive impact in the lives and careers of these women. Not only for those being awarded but also as motivation to other women to pursue and persevere in their academic career. “Living as an immigrant, away from my country” as Veras Grossmann said, “I had a strong desire to impact my community back home. The Grupo Mulheres do Brasil allowed me to do that. This award is a great example of the strength and determination of all those involved in the support and recognition of immigrant women that prosper in their scientific careers”.
The award aims at contributing to the discussion on inclusion and diversity in the scientific community, especially regarding the role of latinas and the destigmatization of latin american immigrants in the United States.
Our long term objective is to have a community capable of supporting, energizing, and inspiring other scientists, besides promoting innovation and improvements of economic and social sectors from both countries. This first edition of the ScientistA Award, during the very relevant context of the current pandemic, and the importance of strengthening science, is just our first step.
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