Mais uma ação do Comitê de Saúde do Grupo Mulheres do Brasil, por meio do Grupo de Trabalho (GT) Saúde na Escola, está promovendo educação alimentar para 123 estudantes de 6 a 12 anos do Ensino Fundamental 1, da Escola Estadual Odair Martiniano da Silva – Mandela, na periferia oeste de São Paulo.
Desde 2015, alunos e professores do local vêm sendo alvo de diversas ações de educação e conscientização para melhoria da saúde, cujo objetivo final é propiciar melhores resultados pedagógicos e de formação dos estudantes, e, sendo bem-sucedido, compartilhar o modelo desse projeto piloto com outros núcleos do Grupo Mulheres do Brasil pelo país, para reprodução em mais instituições carentes.
A ação de educação alimentar em curso neste semestre está trazendo abordagens e conceitos sobre nutrição para alunos e professores, por meio de dinâmicas coordenadas pela nutricionista e membro do GT Saúde na Escola, Marina Solis.
O primeiro encontro, de quatro planejados, ocorreu em agosto, quando foi feita avaliação antropométrica dos alunos, com aferição de peso e estatura para cálculo de IMC (Índice de Massa Corporal). Na ocasião, também foi aplicado um questionário entre os alunos para avaliar origem e qualidade da alimentação deles. A partir de uma avaliação global dessas informações, foram detectados problemas e propostas mudanças, que balizaram a dinâmica dos encontros seguintes.
No segundo, realizado em setembro, o grupo aplicou dinâmicas que apresentaram aos alunos os grupos alimentares e suas funcionalidades no organismo. Ao final dela, foi pedido que cada um montasse um prato saudável baseado no que aprendeu. “Para trabalhar o conceito mesmo”, pontua Marina.
O encontro de outubro consistiu na dinâmica de uma cozinha experimental, com a montagem de espetinhos de saladas de frutas e preparação de um sanduíche natural à base de frango e iogurte natural, com participação dos alunos.
No próximo, que ocorre neste mês de novembro, o GT trabalhará no sentido de diminuir o consumo dos alimentandos processados, apresentando alternativas para os estudantes. Dinâmicas vão ensiná-los a preparar pipoca em casa e também receitas caseiras de biscoitinhos e bolos. “Também vai ter uma brincadeira de degustação às cegas com as crianças. Tudo pra ver se conseguem assimilar o sabor de preparações mais caseiras”, explica a nutricionista.
Trabalho gratificante
Quando foi idealizado o projeto “Saúde na Escola e da Escola”, em 2015, Glória Brunetti, uma das líderes do Comitê de Saúde, médica infectologista, foi até a Diretoria Regional de Ensino da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo pedir a indicação de uma escola para desenvolver a ação. “Expliquei que gostaríamos, com o Grupo Mulheres do Brasil, de impactar alguma escola, para que houvesse uma melhora dos alunos tanto na formação quanto no âmbito da saúde. Pedi que fosse a que estivesse em situação mais vulnerável e precisando mais. Então nos foi sugerido a escola Odair Martiniano da Silva – Mandela”, explica Glória.
“É a penúltima escola de lata [construída com material de containers] do estado de São Paulo”, conta Maria Helena Ryscallah Thome, a Nena, uma das líderes do GT Saúde na Escola, que esteve à frente de todas as ações desde então.
A primeira foi o projeto de saúde bucal, desenvolvido em parceria com a Colgate, que levou à escola o seu programa “Sorriso Saudável, Futuro Brilhante”. O objetivo foi desenvolver hábitos saudáveis de higiene bucal entre os alunos, disponibilizando kits de higiene infantil para ações de educação orientadas por um dentista.
Em seguida, foi feita uma ação oftalmológica, em parceria com a Fundação Dr. Rubem Cunha, na qual foram treinadas voluntárias para realizarem triagem dos alunos que necessitavam de exames mais específicos de visão. Coma a participação de mais de 750 crianças e adolescentes triados, foram doados na ocasião 48 óculos para os alunos que foram diagnosticados com problemas de visão.
De acordo com Nena, a partir da convivência com os estudantes e o corpo docente, o Grupo foi percebendo a dinâmica da escola e diagnosticando suas principais necessidades, o que levou à elaboração de ações mais específicas. Entre elas, de fortalecimento da saúde emocional de professores e alunos. “Não adianta, se não trabalhar a saúde emocional deles, não terão cabeça para aprender”, comenta a líder.
Três anos e meio e várias ações depois, o Grupo já percebe resultados positivos, como maior comprometimento dos professores, por exemplo. “Antes, tinha muita troca de professores e diretores. Parecia ser uma escola de passagem para os profissionais, o que fazia de nosso grupo a única constante para os alunos. Atualmente, já faz um ano que se mantém a mesma equipe profissional, e os alunos também estão mais aplicados. Agora sentem que tem alguém para cuidar deles”, diz Nena.
Segundo ela, desde o início do projeto, há três anos e meio, os índices pedagógicos da escola também melhoraram e não se registram mais casos de violência. O entorno da instituição também está mais limpo. Um terreno ao lado, que durante anos foi um “ponto viciado” (local feito de lixão pela própria população), deixou de receber detritos. “A própria escola está mais em ordem e limpa”, comemora a líder, satisfeita de já ver resultados de um trabalho voluntário feito com muita dedicação. “É bem gratificante”, conclui Nena.
*Por Sílvia Pereira
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