Inserção de Refugiados São Paulo

Empoderando Refugiadas

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A sede do Grupo Mulheres do Brasil, em São Paulo, por meio do Comitê de Refugiados, recebeu na última terça-feira, 10 de setembro, representantes da Rede Brasil do Pacto Global, da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e da ONU Mulheres, e um grupo de 63 refugiadas para a abertura da quarta edição do Programa Empoderando Refugiadas.

A busca por emprego traz sempre um caminho de muitos desafios, para quem está em um novo país essa busca pode ser ainda mais desafiadora e difícil. O Programa Empoderando Refugiadas auxilia mulheres refugiadas nesta trajetória, com um programa de capacitação e preparação para o mercado de trabalho brasileiro, contato com empresas e potencial contratação.

Sede do Grupo Mulheres do Brasil, durante a abertura do programa – Foto: Divulgação

“O objetivo é apoiar a integração dessa mulher refugiada no Brasil, principalmente no âmbito do trabalho. Proporcionar que essa mulher conheça um pouco mais sobre a cultura brasileira, sobre o mercado de trabalho, a legislação trabalhista e que ela possa ter oportunidade também de apresentar seu currículo, seu perfil, conversar com as empresas diretamente”, explica Camila Sombra, chefe em exercício do escritório do ACNUR em São Paulo.

Segundo Juliana Algodoal, líder do Comitê de Refugiados, o projeto vem sendo desenvolvido há quatro anos, uma iniciativa das agências Rede Brasil do Pacto Global, ACNUR e ONU Mulheres. Desde ano passado, na terceira edição, o Grupo Mulheres do Brasil entrou como parceiro e o projeto vem crescendo. “Oferecemos uma equipe de 30 coachs e mentoras que fazem todo o acompanhamento individual das participantes, para que elas possam tirar dúvidas, treinar a participação em entrevistas, por exemplo”, explica Juliana.

Ainda de acordo com a líder, na edição passada do programa – o primeiro com a parceria do Grupo Mulheres do Brasil – inscreveram-se 43 mulheres e 30 concluíram todas as etapas, foram realizadas 70 entrevistas de emprego, 12 contratações e 10 estão pré-selecionadas em banco de dados, aguardando vagas.

Para Camila Sombra, o Grupo Mulheres do Brasil passou a ser um parceiro estratégico neste e em outros projetos. “O grupo tem sido parceiro conosco desde 2016, e vem mobilizando o setor privado, vem trabalhando em projetos inovadores, como o programa de jovens aprendizes, feito em 2017. Todos os anos promove eventos de RH, para sensibilização de empresas, e ações de conscientização, por meio do Comitê de Refugiados”, ressalta Camila.

Empoderar mulheres refugiadas, abrir caminhos para que elas se tornem protagonistas e conquistem seus sonhos, recomecem suas vidas. “Quando falamos em refugiados, temos que lembrar que são pessoas que não desejaram o deslocamento, o movimento é forçado, mas são pessoas que estão aqui com muita vontade de reconstruir suas vidas e que trazem na bagagem muitos talentos e experiências prévias”, conclui Camila Sombra.

Participam do programa mulheres de diversas nacionalidades – Foto: Divulgação

Participam da quarta edição do Empoderando Refugiadas 63 mulheres de países como Venezuela, Irã, Angola, Paquistão, Quênia e Guiana Inglesa, que serão orientadas por 30 mentoras e coachs.  O programa é coordenado por Jamile Coelho e Maria Cláudia Pace, voluntárias e integrantes do Grupo Mulheres do Brasil.

Uma refugiada empoderada

A congolesa Lucia Mbuya Zelesa, 21 anos, chegou ao Brasil com sua família em 2015 e participou das segunda e terceira turmas do Empoderando Refugiadas, em 2017 e 2018, respectivamente. Ela conta que o programa foi importante pois a ajudou a “curar as feridas do passado e acalmou o coração de meus pais, preocupados porque não conseguiram emprego”, diz. Hoje, Lúcia trabalha na sede do Grupo Mulheres do Brasil, como assistente administrativo.

“Durante o programa fui beneficiada de diversas formas, sendo inclusa no âmbito profissional e social, em que tive a oportunidade de adquirir conhecimentos como aprimoramento e desenvolvimento de currículos, desenvoltura nos comportamentos profissionais e ético empresariais, mercado de trabalho, violência contra mulher, educação financeira. Obtive indicações de cursos gratuitos, entendimento sobre a cultura brasileira, workshop sobre maquiagem”, destaca Lúcia.

Lucia Mbuya – Foto: arquivo pessoal

A congolesa ressalta que foram fundamentais em todo o processo as sessões de mentoria que recebeu e ainda recebe de Marisa Cesar, CEO do Grupo Mulheres do Brasil. “As orientações que tenho com a Marisa, minha mentora, me fortalecem e me ajudam cada vez mais a me tornar uma menina madura e responsável. O programa me trouxe conhecimentos externos, mas além disso uma transformação e uma descoberta interna ajudando-me a administrar melhor o medo e os desafios nessa nova trajetória cheia de luz que iniciei no Brasil”, pontua Lúcia.

Esta refugiada empoderada terminou uma pós-graduação em Psicologia Organizacional e está cheia de planos para o futuro. “Meus pais me ensinaram a amar os estudos e a independência, eu sempre lutei para atingir meu objetivo. Ainda estou num processo de crescimento e de melhoria, mas a cada etapa, nascem novos desafios que eu acabo alcançando. Eu sonho todos os dias, cada meta batida chama novas oportunidades”, conclui Lucia Mbuya.

Estatísticas dos refugiados

Panorama Mundial

Segundo relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), ao final de 2018 cerca de 70,8 milhões de pessoas foram forçadas a deixar seus locais de origem por diferentes tipos de conflitos. Desses, cerca de 25 9 milhões são refugiados e 3,5 milhões são solicitantes de reconhecimento da condição de refugiado.

67% dos refugiados no mundo vieram de três países: Síria (6,7 milhões), Afeganistão (2 ,7 milhões) e Sudão do Sul (2,3 milhões).

Os países que mais possuem refugiados são: Turquia (3,7 milhões), Paquistão (1,4 milhão) e Uganda (1,2 milhão)

Cenário Brasil

Há no Brasil um acumulado de 11,231 mil pessoas refugiadas reconhecidas e 161,057 mil solicitações de reconhecimento da condição de refugiado em trâmite.

A nacionalidade com maior número acumulado de pessoas refugiadas reconhecidas é a Síria (51%).

Fonte: Relatório Refúgio em Números, Ministério da Justiça e Segurança Pública

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